Coprodução e apoio

O projeto Vozes de Recuperação trabalhou com as comunidades Shankivironi, San Jerónimo e Potsoteni para fortalecer suas vozes, seus conhecimentos e estreitar seus laços de solidariedade.

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Identificação de barreiras na implementação de modelo educacional projetado para o meio rural 

No caso da comunidade asháninka de Potsoteni, o projeto apoiou na identificação e documentação de uma série de barreiras estruturais enfrentadas na implementação do Modelo de Serviço Educacional de Ensino Médio com Residência Estudantil.

Através desta colaboração, foram identificados seis problemas críticos: infraestrutura precária, desarticulação entre os serviços educacionais, falta de formação intercultural bilíngue, desorientação na implementação do modelo educacional, insegurança alimentar e envolvimento familiar limitado.

Esta análise participativa fortaleceu a voz comunitária – especialmente de estudantes adolescentes – e gerou evidências fundamentais para informar melhorias nas políticas educacionais em territórios indígenas amazônicos.

Reconstrução da sua história

Foi realizada uma reconstrução histórica baseada em cronogramas nas três comunidades em que o projeto atua, desde seus processos fundacionais, passando por experiências de trabalho forçado, os processos de titulação como comunidades nativas, e especialmente a violência do conflito armado interno – que causou deslocamentos em massa e marcou profundamente suas memórias coletivas.

Essa colaboração também permitiu identificar problemáticas contemporâneas transversais: conflitos pelo acesso à terra e tensões entre nativos e colonos, crises econômicas e ambientais, perda de conhecimentos ancestrais e da língua, deficiências em educação e saúde, desigualdades de gênero, enfraquecimento das lideranças comunitárias e relações complexas com o Estado e organizações externas, contribuindo para o registro de suas experiências históricas de resistência e desafios atuais.

Essas linhas do tempo estão enraizadas em seus territórios, mostrando também como o despojo tem sido sistemático e pode ser visto como parte dessas violências estruturais.

Linhas do Tempo de São Jerônimo e Shankivironi

Desenvolvemos um processo de devolução de resultados nas comunidades nativas de San Jerónimo e Shankivironi por meio da elaboração de linhas do tempo comunitárias que compartilharam os principais achados da pesquisa. Essas linhas do tempo registraram a história de cada comunidade, destacando marcos, personagens e processos que também enriquecem a memória coletiva do povo asháninka e de seus líderes ancestrais. Os materiais foram elaborados coletivamente durante oficinas realizadas em maio de 2024, nas quais participaram membros das duas comunidades. Por fim, as linhas do tempo foram entregues aos chefes comunitários, que ficaram responsáveis por distribuí-las entre os moradores e as escolas, fortalecendo assim a memória local.

Cartografias San Jerónimo e Shankivironi

No âmbito do mesmo projeto, desenvolvemos um processo de elaboração de mapeamentos comunitários junto às comunidades nativas de San Jerónimo e Shankivironi. Esses mapeamentos, realizados pelos próprios membros das comunidades, refletiram seu conhecimento sobre o território e foram concebidos como ferramentas para fortalecer a gestão e a delimitação comunal. Os mapas produzidos são tanto territoriais quanto sociais e culturais, pois integram elementos da vida cotidiana, das memórias históricas e das relações que configuram o espaço comunitário. As versões finais foram entregues a ambas as comunidades com o objetivo de que possam apoiar seus projetos locais relacionados à defesa de seu território.

Folhetos

Desenvolvemos um processo de devolução de resultados à comunidade nativa Potsoteni por meio de folhetos informativos que compartilhavam de maneira acessível as descobertas de nossa pesquisa. O processo incluiu um workshop estruturado em três sessões voltadas para a organização indígena aliada CARE, para o corpo docente e para a população em geral de Potsoteni. Os folhetos abordaram dois temas centrais: a história, as violências e crises na comunidade, e os desafios na implementação do modelo educacional de ensino médio em Potsoteni, facilitando que as descobertas fossem apropriadas e discutidas pelos diferentes atores comunitários do projeto.

Ver folhetos

Workshop Internacional “Povos Indígenas e Justiça Climática”

O projeto Vozes em Recuperação coorganizou com o projeto Visões Indígenas para a Justiça Climática o Workshop Internacional "Povos Indígenas e Justiça Climática: Diálogos rumo à COP30", convocando representantes indígenas andino-amazônicos de sete países sul-americanos.

Ambos projetos, financiados pelo IDRC, estabeleceram espaços de diálogo intercultural onde conhecimentos indígenas foram articulados com abordagens de pesquisadores, ONGs e funcionários públicos. A metodologia incluiu mapas participativos, trocas em grupo e feiras de experiências sobre uso do território e conhecimento indígena. O workshop facilitou a construção colaborativa de estratégias de justiça climática em preparação para a COP30.

Desenvolvimento de documento de política

O projeto desenvolveu um documento de política sobre saúde intercultural, identificando as tensões entre a padronização estatal e as necessidades territoriais específicas. Foram analisados os limites das categorias atuais de serviços de saúde em territórios indígenas. O trabalho incluiu diálogo com funcionários públicos e organizações indígenas para examinar as barreiras normativas que condicionam a recategorização de estabelecimentos e os desafios de implementar políticas interculturais eficazes.